Meio Ambiente
Discurso Inaugural do Fórum
Todas as omissões ao longo da Historia, que resultaram em agressões ao meio ambiente, diante das quais urge colocar o problema em termos de análise lógica e suas devidas correções, pois a causa é com a vida O tema meio ambiente precisa ser matéria obrigatória nos bancos escolares. Assim como as leis ambientais para investimentos públicos e privados, devem ser além de obrigatórias serem esclarecedoras. Isto é educação e orientação.
Os planejamentos do passado baniram referências ambientais, estavam autoridades informadas sobre o incorreto procedimento, assim mesmo negligenciaram, temos isto a lamentar. Evidências estão visíveis nos traçados das estradas federais de nosso País, assim alertava José Lutzenberger. Enquanto isto os Americanos já recuperavam os solos agricultáveis, desde 1930.
Seguramente temos hoje o saber e tecnologias disponíveis, graças aos conhecimentos anunciados para as comunidades e autoridades, e temos informações sobre o correto procedimento, tanto da utilização de matérias primas naturais, como para elaboradas, e também quanto o controle de qualidade de produtos finais, e a avaliação do risco de impacto ao meio ambiente. A sociedade dita democrática tem a obrigação de divulgar, educar e orientar todos sobre a importância da preservação dos recursos naturais, para a sobrevivência da própria humanidade. A universidade é o instrumento próprio para o conhecimento universal, para a plena cidadania, isto é, são construtores das soluções das causas públicas e sociais. Revela-se aí o saber catedrático, principalmente o subsidiado pelo setor público; o saber democratizado a serviço do Povo. Os arquivamentos ou engavetamentos dos conhecimentos para o bem comum eram práticas antigas das ditaduras políticas ou hoje privilégios dos oligopólios.
Senhoras e Senhores, o desenvolvimento ao longo dos séculos, trouxe-nos o conforto e a comunicação, a integração dos povos, a facilidade de ir e vir, garantido pelos direitos naturais dos homens e pelas constituições da maioria dos Países, isto graças a democracia e o fim dos regimes totalitários, ao menos por hora, mas não poderemos nos esquecer da natureza das coisas, e que tudo na natureza, qualquer que seja o elemento, um depende do outro, é o enigma das coisas naturais e o dedo sagrado do Criador. O desenvolvimento em pleno Século XXI, poderá retroceder se necessário, cito, os ensinamentos de Nicolas Georgescu-Roegen (1906-1976): as sociedades agrosilvopastoris, já foram muitas que colapsaram devido às falhas metabólicas no relacionamento com a natureza. Alertava ainda sobre o consumo descartável e o desperdício de energia,,entre outros itens , mas foi literalmente barrado, como economista e dizia;” Não resta dúvida de que a humanidade optou por uma existência mais curta,embora fogosa, em vez de permanência longa,sem grandes eventos.”
Desenvolvimento hoje é sinônimo de preservação, de correção dos erros cometidos, pois como resultado tem que considerar a vida em todas as suas instâncias. As novas gerações terão por certo melhores efeitos com o avanço da ciência, dispondo de tecnologias que hoje não dispomos, serão produzidos por certo produtos com formulas seguras, e produzindo com resíduos sólidos, energias ou novos produtos, isto é, a reciclagem, anulando o desperdício e evitando a poluição: grave problema ambiental que hoje enfrentamos.
Precisamos admitir a necessidade de uma conduta responsável quanto ao consumo de bens, o aproveitamento saudável de espaços territoriais, e despoluir todos os redutos possíveis, não poluindo a água, elemento essencial à vida, e já hoje, motivo de muita preocupação para todos os seguimentos respeitáveis da sociedade.
Produzir alimentos, sem exaurir a terra, sem degradá-la com ferramentas e agrotóxicos, é o respeito à natureza, é a busca do sustentável, o respeito à Biodiversidade e a disponibilidade de reservas legais ou privadas, isto é, direito natural assegurado para as próximas gerações. A tecnologia de produção usada deve ter o respaldo necessário, para podermos agir conscientemente no meio ambiente. Sem a erosão, sem poluir sangas, arroios e rios, preservando nascentes e matas ciliares, acumulando água em reservatórios que não prejudiquem as correntes perenes e a perenizar, com isto mantendo o ambiente com produção agro-pastoril, entre outras culturas, preservando a vida, com sua flora e fauna.
As denuncias de Henrique Luiz Roessler, sobre a grande devastação florestal do nosso Estado, e os maus tratos com o solo gaúcho, não foram suficientes para alertar os responsáveis, apesar das publicações de seus artigos nos anos 50 (cinqüenta) no jornal Correio do Povo.
Senhoras e Senhores, ouso dizer-lhes que poderemos, com os conhecimentos que temos hoje, corrigir nossos erros, pela convivência com uma cultura superior. Cumpre com isto nossa obrigação de administrar com sabedoria os índices econômicos e os índices ambientais, pois assim teremos o desenvolvimento compatível com o nosso tempo. Poluição não é progresso, pois, manter a vida, sua dignidade e preservação têm que ser com plenitude.
As monoculturas agrícolas e florestais tomam conta do Pampa, o investidor não compactua com aquela paisagem de campos que é emblemática para a cultura gaúcha. O Rio Grande do Sul é um Estado em franco processo de colapso ambiental, seus rios, seus campos são utilizados somente para resultados econômicos, desfalece aí toda a cultura do homem do campo. A especulação quanto às riquezas e potencialidades naturais deste território, seja pela fertilidade dos solos, ou pela situação geográfica, demonstra ao mundo as facilidades dos possíveis resultados,
positivos, e também das culturas florestais, que poderão comprometer a preservação que nos preocupa. Não são projetos locais, são mega projetos industriais, com capital de oligopólios. Especula-se mais com legislação, a vista de políticas desenfreadas do que pela orientação da técnica e do saber dos profissionais destes setores ecológicos e ambientais.
Os investimentos para o bom uso das águas e terras do nosso território, com barragens, geração de energia limpa, infra-estruturas de produção e de logística, entre outros, que sejam com orientação correta, com bases científicas na legislação ambiental, pois a própria sociedade consumidora já considera os procedimentos de preservação, com rótulos de produtos rastreados aos bons resultados ecológicos.
A guerra destrói vidas, cria ódios e renega o amor, com isto gera um falso desenvolvimento. Como poderemos viver em paz e falarmos em amor se desperdiçarmos os bens naturais; “as árvores são hastes para flores”, “ os animais são como anjos” que o criador nos confiou a guarda. Os erros podem ser corrigidos, mas não temos o dedo divino do criador e o saber deslumbrante e mágico da natureza. Até quando os que querem fazer farão de qualquer jeito, como poderemos nos conscientizar que o saber humano é maior que os atropelos e as ambições deste mesmo ser humano, até quando resistiremos às práticas insensatas. O Rio Grande do Sul, com a economia concentrada na Metade Sul, teve recuperação econômica durante a II Guerra Mundial. Mas perdemos, em nossa Região investimentos públicos e privados, com a instituição da Faixa de Fronteira de 15O Km, justamente pelos entraves diplomáticos e ideológicos e de uma famigerada, intrigante e proclamada guerra com a Argentina. A guerra entre nações e os conflitos internos, destroem, não condizem com as preservações necessárias para a vida, só o amor faz pela vida e constrói pela vida.
O segundo Fórum de Integração Regional, Cenários do Século XXI - Hora de Crescer Agora. Temos conhecimentos, de todos os itens necessários para o desenvolvimento, e para o bem estar social das nossas populações. Queremos e poderemos alcançar altos índices de desenvolvimento humano, com as prerrogativas constitucionais, com o intercambio internacional ora proposto pela comunidade Européia ,juntamente com o Uruguai, e conscientes de nossas obrigações constitucionais ambientais e sociais. As recomendações e praticas do passado já citadas, e as do presente conhecidas, que serão expostas neste evento, sem duvida podem nos dar novo rumo, desde que com amor a esta terra em que pisamos, que gere compromissos com nossa Pátria, em busca desta transição para uma Nação respeitada, pois é possível fazer, considerando o que queremos fazer. Aqui e agora, temos os nossos direitos constitucionais a requerer, como subsídios e incentivos em programas específicos, e comprometidos com as riquezas naturais com reconhecimento internacional como a APA do Ibirapuitã entre outras.
Estamos dispostos a lutar e labutar para a realização plena.
Firmando compromisso para o desenvolvimento proposto por este Fórum. Se tivermos fé, amor e trabalho, teremos nossa Região desenvolvida e as pessoas valorizadas. Com vida, com respeito à vida, e considerando todas as vidas; assim teremos condições de alcançar ideais que nos levará a plenitude dos nossos objetivos, de bem estar social e de dignidade humana.
Muito obrigado!
12 de agosto de 2009
Francisco Berta Canibal