Dono da Noite, conhecido fazendeiro da Região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, chefe de família, costumava comprar presentes para as suas amantes justamente nas mesmas casas de comercio, que compravam os seus familiares. Dono da Noite se fez rico como muitos outros fazendeiros pois eram tropeiros que trabalhavam para os grandes frigoríficos que se instalaram no nosso Estado, pós charqueadas.
Acostumados a frequentarem Santana do Livramento após entregarem as tropas, com um comercio considerado forte e com produtos de ponta a nível internacional, tinham a disposição as ruas de Riviera no Uruguai para comprarem o que tinha de melhor, mas com os campos povoados e a idade chegando se acomodaram em suas cidades, e com o advento dos caminhões para transporte de gado terminou-se os tropeiros.
Com o poder político e econômico nas mãos os antigos tropeiros, fazendeiros e apoiadores ferozes do regime militar, tanto é que ganharam do Governo Federal várias benesses, que de uma pecuária tradicional, passaram a sonhar com uma pecuária de ponta e fazendo guerra contra os frigoríficos tradicionais.
Como o chinaredo, mulheres da noite e dos galpões, se encheram de luxos dado a melhora de vida dos tropeiros começaram a exigir o que tinha de melhor, e os bombachudos, que seguidamente iam ao Rio de Janeiro, não queriam ficar para traz dos costumes impostos por Getúlio Vargas, o Pai dos Pobres e dos Fazendeiros, e ficarem sem levantar sais a torta e a direita, para demonstrarem que ainda continuavam a dar ordens pela desordens com as suas Senhoras e filhas, para poderem andar desfilando com suas amantes.
O Dono da Noite, simplesmente teve a coragem de ir em uma das mais conhecidas lojas da Fronteira, e comprar um Carrinho de servir o chá, para sua mais nova amante, com casa montada e endereço fixo. Acontece que a filha e sua esposa, no outro dia chegam a casa de comercio do comerciante que vendeu o tal Carrinho para o Dono da Noite, que sem cerimônia, deixou a coisa correr, como se sua família não tivesse o costume de frequentar o comercio local. O comerciante recebeu as Senhoras, e perguntou com toda a cerimonia que lhe era imposta pela sociedade rural, que qual foi o parecer delas sobre o presente que teriam recebido no dia anterior, Com sorrisos amarelos as duas se retiraram, muito discretas, assim como tapando o sol com a peneira, e ficou por isto mesmo. As contas hoje dos fazendeiros e agricultores na Fronteira Oeste também estão por isto mesmo, se pagam ou não o resultado, do sorriso amarelo do credor é o mesmo.
Conto isto porque esta semana li comentários sobre o atraso da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, diante da entrega do Governo do Estado, pós Governo Brito, para o PT. Brito foi derrotado na sua reeleição juntamente pelos votos da Fronteira, do setor da pecuária devido a crise dos frigoríficos que quebraram todos nas mãos do fazendeiros.
"Com o domínio, e com a crença das mulheres, que carregavam os tropeiros, foi fácil levar a atividade rural, pois elas simplesmente ignoravam as peripécias dos antigos tropeiros, que jamais deixarão de o ser, com alguma exceções, tem gente de alto gabarito, mas a maioria não pega brilho, mas com os frigoríficos levaram uma paulada que depois destes vinte anos e com a paulada do Collor, até hoje não sabem mais onde comprar suas bombachas sonhadas de seda, quanto mais presentes, quem manda hoje no campo são as de saias, até para botar a correr os invasores do MST."